Sentido, fluxo e liberdade: a escolha da profissão – parte 1

Entramos em uma nova era de realização, em que o grande sonho é trocar dinheiro por um sentido na vida e, cada vez mais, alimentar esta nossa fome existencial. O legado atual é de que nos sentimos culpados se não estivermos com a cara enfiada no trabalho por longas jornadas diárias.

Esta experiência reflete o surgimento de duas novas aflições no local de trabalho moderno, ambas sem precedentes na história: a praga da insatisfação no trabalho e, ligada a isso, uma epidemia de incerteza sobre como escolher a carreira certa. Nunca um número tão grande de pessoas sentiu tanta insatisfação com a vida profissional e tanta incerteza sobre como resolver o problema. A maior parte das pesquisas no Ocidente revela que pelo menos metade da força de trabalho está infeliz com seu emprego. Um estudo em vários países europeus demonstrou que 60% dos trabalhadores escolheriam uma carreira diferente se tivessem a opção de começar de novo. Nos Estados Unidos, a satisfação no trabalho está em seu menor nível – 45% – desde que essas estatísticas começaram a serem compiladas duas décadas atrás. Além disso: existe a morte do conceito de “emprego vitalício”.

Existem duas maneiras abrangentes de pensar sobre essas questões. 

A primeira é o enfoque sorria e aguente”. De acordo com essa visão, devemos controlar nossas expectativas e reconhecer que o trabalho, para a maior parte da humanidade – incluindo nós mesmos -, é basicamente algo enfadonho e sempre será. A palavra russa para trabalho, por exemplo, é robota, vem da palavra usada para escravo, rab. O termo latino labor significa trabalho penoso ou duro, enquanto travail em francês deriva de tripallium, um instrumento de tortura da Roma antiga feito de três varas. A mensagem da escola do pensamento: “sorria e aguente” é de que precisamos aceitar o inevitável e suportar o emprego que conseguirmos encontrar, desde que ele atenda às nossas necessidades financeiras. A melhor maneira então é desenvolver uma filosofia sólida de aceitação, até mesmo resignação, e não procurar encontrar uma carreira de fato significativa.

A segunda é de que é possível encontrar um trabalho edificante que amplie nossos horizontes e nos faça sentir mais humanos. Para maioria das pessoas que vivem no Ocidente, não há nada de utópico sobre a ideia de uma carreira realizadora. As dificuldades que existiam no passado diminuíram. Esperamos muito mais de nossos empregos do que as gerações anteriores. Então, quando alguém lança a pergunta mortal: “O que você faz¿” Podemos responder por algo que nos faça sentir que estamos fazendo algo realmente interessante com nossas vidas, em vez de desperdiçar nossos anos em uma carreira que deixará um gosto amargo de arrependimento em nossas bocas mais adiante, quando olharmos para trás. 

A escolha da profissão:

Sob o imenso número de possibilidades existem três razões fundamentais pelas quais a escolha da profissão é frequentemente tão problemática: não estamos psicologicamente preparados para lidar com a expansão das escolhas na história recente; estamos sobrecarregados pelo nosso próprio passado, especialmente pelo legado das nossas primeiras escolhas educacionais; e a ciência popular dos testes vocacionais raramente nos ajuda a identificar carreiras que nos realizem. Ficamos reféns destas escolhas do passado. Á medida que passamos a compreender como estas forças moldaram nossas vidas, descobrimos que identificar as causas dos nossos dilemas profissionais é o primeiro passo para conseguir superá-los e ir além. 

Iniciamos uma luta constante com este nosso passado, incapazes de tomar a decisão de tentar algo novo, por causa de uma fidelidade à pessoa que fomos, em vez de à pessoa que esperamos nos tornar. Uma maneira útil de pensar sobre esta questão é que ficamos presos entre dois tipos de arrependimento. Por um lado, o arrependimento de abandonar a carreira para a qual dedicamos tanto tempo, energia e emoção. Do outro lado, a possibilidade de olhar para trás quando envelhecermos e lamentar o fato de não termos abandonado um trabalho que não nos proporcionou o tão desejado sentimento de realização. Então, que tipo de arrependimento levaremos mais em conta na hora de tomar decisões¿ De acordo com pesquisas em psicologia, a última: a forma de arrependimento mais emocionalmente corrosiva ocorre quando deixamos de agir em relação a algo que é profundamente importante para nós. À medida que o tempo passa, a escolha que deixamos de fazer torna-se cada vez maior em nossas mentes e a ideia do “e se eu tivesse…” lança uma terrível sombra sobre nossas vidas. O filósofo A.C. Grayling chegou a uma conclusão semelhante: “Se existe algo a se temer no mundo, é viver de forma a ter motivos para arrependimento no final.”

“A angústia”, escreve o pensador budista Stephen Batchelor, “emerge do desejo de que a vida seja diferente do que é”. Esse sentimento de que podemos estar desperdiçando tudo que lutamos para conseguir é uma das maiores barreiras psicológicas que enfrentam aqueles que contemplam uma mudança de carreira.

Devemos reconhecer que nossas escolhas iniciais em termos de instrução e profissão podem ter sido feitas quando éramos pessoas muito diferentes das que somos hoje. Ficar estagnado em um emprego que não nos atende à nossa personalidade ou aspiração pode ser igual a tentar manter um relacionamento que não está mais funcionando por causa da distância entre o casal. Chega um momento em que a separação provavelmente é a opção mais saudável, por mais dolorosa que seja. Todos nós mudamos: aprendemos mais a nosso respeito e modificamos nossas prioridades e perspectivas, sob a desafiadora tutela da experiência humana.

O Mapa das Escolhas:

Para que você possa realmente refletir sobre o lugar de onde veio, antes de se voltar para onde vai. Comece usando 30 minutos para traçar um mapa do percurso da sua carreira até agora. Pode ter qualquer forma, uma linha em zigue-zague, os ramos de uma árvore ou talvez um labirinto. Nesse mapa, você deve indicar não apenas as funções que desempenhou, mas as diferentes motivações e forças que moldaram seu trajeto. Se uma importante decisão de carreira foi influenciada pela perspectiva de mais dinheiro ou status, mostre isso no seu mapa – faça o mesmo se a motivação tiver vindo de seus talentos, paixões ou valores. Você também deve acrescentar outros fatores que podem ter guiado seu percurso, tais como o papel de suas escolhas educacionais, das expectativas dos seus pais, do aconselhamento profissional sobre carreiras ou do acaso. Mesmo que você tenha tido um emprego, procure mapear o que o levou até ele.

Após criar seu mapa, passe mais 15 minutos olhando para ele e pensando sobre as 3 seguintes questões:

  • O que o mapa revela sobre a sua atitude quanto à vida profissional até agora¿ pode haver padrões gerais visíveis, tais como o fato de você não se manter no mesmo cargo por mais de 2 anos, ou de você cair de paraquedas na maioria  dos empregos, sem escolhê-los de fato¿
  • Quais das seguintes motivações mais pesaram em suas escolhas de carreira: dinheiro, status, respeito, paixão, talento ou vontade de fazer a diferença¿ classifique-as da prioridade mais alta para a mais baixa.
  • Dessas motivações, quais são as duas que você mais deseja como determinantes de suas escolhas futuras, e por quê¿

Conclusão:

Nesse contexto, processos de desenvolvimento de pessoas têm sido explorados para atenderem estas angústias e necessidades. A Mentoria é um destes processos que tem despertado interesse de gestores no âmbito das organizações. Ela está atrelada à gestão do conhecimento e tornou-se uma excelente alternativa para o desenvolvimento de competências, para a melhoria da performance e para a gestão da mudança. 

Mentoring diz respeito a um processo no qual um profissional experiente assume a responsabilidade de ajudar outro profissional a melhorar seu desempenho, a exercer novas funções, a desenvolver sua carreira, compartilhando conhecimentos – fruto de sua experiência – e contribuindo com o negócio onde está inserido.

A Metodologia da Mentoria Integral vai mais além e busca consolidar a evolução do Mentorado a partir das 3 faculdades básicas do Ser Humano, fundamentos da Antroposofia, através das 3 Jornadas: PENSAR: Jornada do Autoconhecimento percorrendo o caminho da análise e das causas para a busca do Mentorado; SENTIR: Jornada do Crescimento percorrendo o caminho do planejamento, realizando a intermediação entre o Pensar e o Querer; QUERER: Jornada da Evolução percorrendo o caminho da solução e da ação para a busca do Mentorado – bases do comportamento humano, pois não há separação entre o “eu pessoal” e o “eu profissional”. 

Ninguém evolui sem estes enfrentamentos, porém, mais sabedores de nós mesmos e conscientes de nossas potencialidades conseguimos escolher melhor as melhores campanhas e enfrentar os maiores desafios.