Sentido, fluxo e liberdade: a busca pelo trabalho feito com alma – parte 3

Entramos em uma nova era de realização, em que o grande sonho é trocar dinheiro por um sentido na vida e, cada vez mais, alimentar esta nossa fome existencial. O legado atual é de que nos sentimos culpados se não estivermos com a cara enfiada no trabalho por longas jornadas diárias.

O Trabalho feito com Alma:

A recompensa pelo trabalho feito com alma advém de três ingredientes fundamentais: sentido, fluxo e liberdade. As pessoas realizadas têm alguma combinação dos três, e também desconfiam da submissão excessiva ao desejo por dinheiro ou status.

Sentido: 

Queremos fazer a diferença! Todos querem fazer algo a mais; querem fazer uma contribuição positiva para as pessoas e o planeta e colocar seus valores em prática. É um desejo cada vez mais comum, mesmo em nossa era de individualismo desenfreado, e que se parece com a aspiração dos antigos gregos de realizar algo nobre e virtuoso que confira às nossas vidas um senso de propósito e garanta a sua imortalidade na memória da história. O filósofo da moral Peter Singer argumenta que nossa maior esperança de alcançar realização pessoal é dedicando nossa vida – e, se possível, nossa vida de trabalho – a uma “causa transcendente”, maior que nós mesmos, especialmente uma causa ética. Tais visões baseiam-se em profundas tradições do pensamento religioso que promovem a ideia de que a doação por meio do trabalho é espiritualmente edificante. Como afirmou Martim Luther King: “Todos podem ser grandes porque todos podem servir”.

A busca por este trabalho realizador começa com a ação, mas é resolvido pela reflexão. As questões citadas do Mapa de Escolhas devem nos conduzir a uma melhor compreensão daquilo que nos faz sentido, pois o sentido é a base para uma carreira de realizações. Mas é preciso reconhecer que sentido não é suficiente para a plena realização humana. A maioria de nós quer apreciar nossos empregos no dia a dia. Isso nos leva a questionar o que nos proporciona a melhor experiência de fluxo¿

Fluxo:

O conceito de fluxo é agora amplamente aceito como um dos principais indicadores de “satisfação da vida” ou “felicidade”. Uma experiência de fluxo é aquela em que estamos completa e inconscientemente absortos no que quer que estejamos fazendo, seja escalando uma parede de rochas, tocando piano, praticando pilates, apresentando uma conferência ou realizando uma cirurgia. Estamos tão envolvidos numa atividade, que nada mais parece importar. Quando isso acontece, entramos “em fluxo”, um estado que os atletas frequentemente chamam de “entrar em transe”. Apreciamos estas atividades, pois são intrinsicamente motivadoras: a ação é valiosa por si, e não como um meio para um fim. Numa experiência típica de fluxo, nos sentimos totalmente envolvidos com o presente, o futuro e o passado tendem a se desafazer – como se estivéssemos fazendo meditação em movimento. 

Muitas vezes, nem é necessário trocar de carreira se nos sentimos infelizes com o que fazemos: tudo o que é preciso é buscar tarefas mais desafiadoras ou nos concentrar nos aspectos criativos do trabalho.

Liberdade:

Como atender ao desejo de mais liberdade¿ a resposta apresenta 3 dilemas: o primeiro, devemos optar pela segurança e estabilidade de um emprego assalariado ou inventar o nosso próprio emprego, sendo chefes de nós mesmos. Segundo, se devemos desistir da ética do trabalho duro e abandonar a meta de encontrar um emprego que nos realize profissionalmente para, em seu lugar, buscar um trabalho visando a nossa realização pessoal. Terceiro, a questão de como equilibrar nossas ambições de carreira com o desejo de ter uma família, pois as duas coisas podem não apenas gerar tensões emocionais, mas criar uma enorme pressão sobre as horas limitadas de que dispomos. O trabalho está diretamente relacionado ao “espaço de autonomia”, o que significa a fração de cada dia em que os trabalhadores se sentem livres para tomar as próprias decisões.

Albert Camus: “Sem trabalho, toda vida apodrece, mas quando o trabalho é desprovido de alma, a vida sufoca e morre”.

Conclusão:

Nesse contexto, processos de desenvolvimento de pessoas têm sido explorados para atenderem estas angústias e necessidades. A Mentoria é um destes processos que tem despertado interesse de gestores no âmbito das organizações. Ela está atrelada à gestão do conhecimento e tornou-se uma excelente alternativa para o desenvolvimento de competências, para a melhoria da performance e para a gestão da mudança. 

Mentoring diz respeito a um processo no qual um profissional experiente assume a responsabilidade de ajudar outro profissional a melhorar seu desempenho, a exercer novas funções, a desenvolver sua carreira, compartilhando conhecimentos – fruto de sua experiência – e contribuindo com o negócio onde está inserido.

A Metodologia da Mentoria Integral vai mais além e busca consolidar a evolução do Mentorado a partir das 3 faculdades básicas do Ser Humano, fundamentos da Antroposofia, através das 3 Jornadas: PENSAR: Jornada do Autoconhecimento percorrendo o caminho da análise e das causas para a busca do Mentorado; SENTIR: Jornada do Crescimento percorrendo o caminho do planejamento, realizando a intermediação entre o Pensar e o Querer; QUERER: Jornada da Evolução percorrendo o caminho da solução e da ação para a busca do Mentorado – bases do comportamento humano, pois não há separação entre o “eu pessoal” e o “eu profissional”. 

Ninguém evolui sem estes enfrentamentos, porém, mais sabedores de nós mesmos e conscientes de nossas potencialidades conseguimos escolher melhor as melhores campanhas e enfrentar os maiores desafios.